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Se a psicologia pertence às cidades, as cidades pertencem à psicologia. Por muitos anos, James Hillman, originador da psicologia arquetípica pós-junguiana, ocupou-se em levar a reflexão psicológica para além dos limites dos consultórios e mesmo da pessoa humana. Essa reflexão está reunida nos ensaios de seu livro Cidade e Alma. Toda a psicanálise, como a conhecemos e a praticamos desde o século passado a partir de Freud e Jung, nasceu em cidades, como Viena e Zurique, e em alguma medida se confunde com elas: uma atividade urbana para cidadãos urbanos. O enlace de psyché e polis já está dado desde o início. Hoje o inconsciente não está mais onde estava nas épocas de Freud e Jung. E sabemos que devemos buscá-lo, via de regra, onde nos sentimos mais oprimidos: é hoje nas cidades, na esfera pública onde parece estarmos mais à mostra em nossa necessidade de consciência: lazer maníaco, instituições opressoras, burocracia esquizóide, linguagem convencional, ambientes urbanos hostis, enormidades delirantes, cifras deprimidas e uma constante repressão da beleza, para não dizer, da alma. Hoje não só a alma do homem, mas principalmente a alma das cidades está doente, e são seus os sintomas que mais nos atingem, afligem e agridem. Prédios, parques e avenidas no divã?

 

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